segunda-feira, 20 de julho de 2015

Charge do Dia 21/07/2015


Frase do Dia 21/07/2015


Felizes Para Sempre

Vó?
-- Oi?
-- O que acontece depois do "Felizes para Sempre?"
A avó até se ajeitou na cadeira. Já sabia o que acontecia quando aquelas perguntas começavam.
-- Como é que você falou, meu bem?
-- O que acontece depois do "Felizes para Sempre" das historinhas. A princesa encontra o príncipe e vivem felizes-para-sempre..., termina sempre assim... Por que eu não vejo ninguém ser feliz para sempre, então?
Ai, ai, ai, pensou a avó.
-- Sabe, minha querida, tem uma tribo antiga de índios, lá no Novo México, que não acredita na passagem do tempo.
Fez menção de perguntar o que aquilo tinha a ver com a sua pergunta, mas a avó colocou a mão na sua boca, como se dissesse, espera.
-- Esses índios acreditam que existem apenas dois mundos: o mundo das coisas visíveis e o mundo das coisas invisíveis.
-- No mundo das coisas visíveis, encontramos o que construímos: a casa, ocarro, esse tricô aqui que você sempre interrompe...
-- E no mundo das coisas invisíveis?
-- No mundo das coisas invisíveis, encontramos tudo o que não transformamos em realidade: os sonhos, as ideias, as dificuldades, tudo o que ainda está lá, para ser realizado, e que a gente sempre deixa para depois...
-- Depois eu vou estudar, depois eu vou tentar, depois eu vou fazer meu sonho se tornar realidade... as pessoas sempre esperam pelo futuro, a época em que serão "felizes para sempre"...
-- E os índios?
-- Bem, eles são mais espertos e mais avançados do que nós... como eles não acreditam no tempo, então não acreditam também no futuro, e se não acreditam no futuro, não passam a vida inteira esperando por ele.
A menina acendeu aquele vasto sorriso, que usava sempre que as historinhas da vovó clareavam as suas dúvidas.
-- O que eles fazem então?
-- Acho que eles tratam de serem felizes todo dia.
-- Mas eles não tem coisas chatas para fazer?
-- Que coisas chatas?
-- Essas que a gente faz todo dia: arrumar a cama, fazer lição de casa,arrumar a casa, comer verduras...
-- Lógico que fazem.
-- Como é que podem ir para escola se não acreditam no futuro? Meu pai sempre fala que trabalha e fica mal humorado para que a família tenha "um futuro melhor" ... que temos que estudar para termos "um futuro melhor"...
-- E o futuro fica mesmo melhor?
-- Não sei, ele não chegou ainda... Riram gostosamente.
-- Sabe, querida, o que esses índios acham, é que a felicidade, o "felizes para sempre" só existe nessa passagem, das coisas irrealizadas para as coisas realizadas. Esse é um modelo mais bacana de felicidade: é como se a felicidade fosse um quebra-cabeças que a gente monta todo dia... só que é um quebra-cabeças diferente.
-- Como ele é?
-- Ele é feito todo dia, com coisas que a gente consegue realizar... as peças são invisíveis, e a gente deve procurar por cada uma delas até encontrar. Aí a gente traz as coisas do mundo invisível para o mundo realizado. É como uma oficina. Uma Oficina de Felicidade.
Finalmente, a pergunta mais difícil:
-- Você é feliz, vovó?
Sorriu, suavemente.
-- Sou, minha querida.
-- Mesmo sendo sozinha?
-- Mas eu não sou sozinha. Eu tenho você, sua mãe e uma porção de gente no meu coração, querida. Nunca estou sozinha.
-- Quando eu ficar velhinha, eu vou ser feliz, então?
-- Não, meu bem. Quando você ficar criança é que vai ser feliz.
-- Mas eu já sou criança.
-- Então, não se esqueça de ser criança quando você crescer, tá bom?
-- Combinado.
-- Então vai brincar de construir felicidade, vai...
Não precisou falar duas vezes. Saiu correndo brincar. E a avó continuou trançando, em seu tricô, a delicada trama da vida.

(Autor desconhecido)

A Escolas dos Animais

Certa vez, os animais decidiram que deveriam fazer algo heróico para resolver os problemas de “UM MUNDO NOVO”. Assim, organizaram uma ESCOLA. Adotaram um CURRÍCULO de atividades que compreendia corrida, alpinismo, natação e vôo. Para ministrar o currículo mais facilmente, todos os animais teriam todas as MATÉRIAS.
O pato era excelente em natação, na verdade era até melhor que o seu instrutor, mas teve apenas NOTAS satisfatórias em vôo e era bem ruim na corrida. Como era lento na corrida, precisou treinar depois das aulas e também abandonar a natação para praticar corrida. Continuou fazendo isso até seus pés palmados ficarem gravemente feridos e passou ater um APROVEITAMENTO apenas regular em natação. Mas como regular era aceitável na escola, ninguém se preocupou com isso, a não ser o próprio pato. O coelho começou como o melhor da classe em corrida, mas teve um colapso nervoso por causa de tantos treinos de natação.
O esquilo era excelente em alpinismo até ficar frustrado com seu aproveitamento nas aulas de vôo, quando sua professora mandou que partisse do chão para cima, e não do topo da árvore para baixo. Além disso, desenvolveu cãibras devido a uma estafa e então tirou um C em alpinismo e um D em corrida.
A águia era uma criança problema e foi severamente disciplinada. Na aula de alpinismo, venceu todos os outros em direção ao topo da árvore, mas insistiu em utilizar seu próprio caminho para chegar lá.
Ao final do ano, uma excepcional enguia que sabia nadar extremamente bem, além de correr, subir e voar um pouco, obteve a melhor média e foi a melhor da turma.

As marmotas ficaram fora da escola e protestaram contra as MENSALIDADES, porque a administração não quis incluir escavação e construção de tocas no currículo. Matricularam seus filhos como aprendizes de um texugo e mais tarde juntaram-se aos porcos-da-terra e aos geômios para fundarem uma bem-sucedida ESCOLA PARTICULAR.

RETORNO AS AULAS - Texto de Rubem Alves

Bem Vindos ao 2º Semestre 2015